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do real ao eletrônico
construir é um verbo bonito (já começou filosofando, pedro?); não pela palavra em si (há outras mais sonoras e vistosas na língua portuguesa), mas pelos significados real e metafórico. faz-se boa literatura sobre o tema. e também crônicas (a ver...).
na infância, minhas brincadeiras preferidas estavam ligadas à construção. tinha bloquinhos de madeira que simulavam tijolinhos coloridos, feitos para empilhar e montar imóveis (havia até a torre do relógio da igreja). tinha peças de encaixe para criar pistas de corrida; eram horas e horas bolando o traçado perfeito, com curvas sinuosas e viadutos, e não mais do que uns poucos minutos passeando com os carrinhos (a graça mesmo era construir). e tinha o lego, seus similares e infinitas possibilidades que dispensam qualquer explicação.
depois, já um pouco mais velho, vieram os jogos eletrônicos. continuava viciado na construção: parques de diversões, zoológicos, casas e até cidades inteiras. o mais famoso era o the sims. foram muitos os pacotes de expansão. a febre era tanta que muita gente se dedicava a criar objetos e disponibilizar para download. eu passava horas procurando (e baixando) abajures modernos, telefones descolados, papéis de parede atraentes... o sentido de tudo isso? deixar o computador pesado e mais lento nenhum, além de passar o tempo (e ter muitas opções de decoração).
a bem da verdade, o the sims não era apenas um jogo de construir casas. isto era (ou deveria ser) apenas o primeiro passo. a intenção dos desenvolvedores, imagino eu, era simular a vida acontecendo: o jogador monta o seu cantinho no mundo e depois vive (estuda para ter uma profissão, arruma um emprego, arranja um cônjuge, decide se vai ter um bebê).
só nos macetes
um dos pontos fundamentais era juntar dinheiro para melhorar o imóvel, porque a quantia inicial não dava para muita coisa. a depender das escolhas feitas (profissão e emprego), conseguir grana para dar um tapa no visual da casa poderia levar muito tempo (ou nem acontecer).
já naquela época, eu não tinha paciência para esperar (e nem ninguém). então, fazia o mesmo que toda a minha geração (um tanto marcada pela ética fluida): usava o klapaucius, um truque para incrementar a conta bancária dos personagens sem que eles precisassem trabalhar (receber uma herança polpuda ou roubar, vai saber?). se os desenvolvedores criaram este macete, foi para que a gente usasse (ética fluida, lembram?). eu usava e abusava.
ouso dizer que o the sims nunca viu casas tão lindas, funcionais e bem mobiliadas (por que choras, niemeyer?) e que o gnt perdeu uma grande oportunidade de me chamar para o decora. para mim, essa era a graça do jogo. pouco me importavam as famílias (é sociopatia que chama?); mal acabava de construir um imóvel e já procurava outro terreno.
ainda hoje gosto de construção e decoração (não sei dizer por que não fiz engenharia, arquitetura ou design de interiores talvez porque não saiba desenhar): sou capaz de passar horas assistindo a programas de reformas, navegando em sites de imobiliárias e visitando lojas de móveis sem perspectiva de comprar nada (uma poltrona sergio rodrigues, quem sabe?).
poderia viver reformando e redecorando meu apartamento facilmente. o problema é que o criador da vida não foi tão leniente quanto os desenvolvedores do the sims: não há truque (um pecadilho inocente) para conseguir mais dinheiro sem trabalhar. até tentei digitar klapaucius no aplicativo do banco, mas o saldo da conta continuou o mesmo.
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enquanto eu não volto...
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recados paroquiais (ou jabá mesmo)
nesta sexta (28), vai rolar o lançamento do livro rio de contos 2, uma antologia de contos de autores do rio de janeiro da qual tive o prazer de participar. será na quinta edição da ler - festival do leitor, que acontece no pier mauá, às 17h.
e, no sábado (29), vai ter a festa literária de laranjeiras na casa polônia. estarei por lá às 14h30, no lançamento do livro literatura e saúde: diálogos sobre o cuidado, do qual participo com um conto.
espero vocês!
por hoje é só. até mais!
Seu texto despertou memórias aqui, uma adolescência toda jogando the sims e suas expansões, acumulando lotes residenciais para construção. A gente até fazia histórias e compartilhava na internet, vc também participou desses fóruns?
Da falta de paciência para brincar depois da casa pronta eu também compartilho. E conheço muita gente que abandonava o jogo logo depois da casa construída, por que será né? Eu também era assim com Lego quando criança e com casa da boneca, não brincava depois de meticulosamente montados e decorados.
Saudades do roller coaster e do zoo tycon!
Pedro, eu amava jogar the Sims, mas além de construir e decorar, eu amava matar meus maridos na piscina. Apagava a escada e eles morriam kkkkkkkk credo que horror