#21 – o inverno está chegando?
sobre sol inclemente, temperaturas abrasivas, ondas de calor e a saudade de usar um casaco
bola de fogo
junho aponta no calendário com uma constatação flamejante: nestes quase seis meses de ano, nenhum casaco saiu do armário. se a temperatura no rio de janeiro ficou abaixo dos trinta graus, foi por – no máximo – um ou dois dias. nunca tivemos estações bem definidas, mas as sucessivas ondas de calor (que parecem uma só, de tão frequentes e sequenciais) têm criado uma sensação de verão eterno. ninguém aguenta mais mostrar o ombrim e brincar no chão, marina!
quase literalmente, estamos fritos. ou assados, quando as janelas do ônibus sem ar condicionado não abrem. ou cozidos, nos dias em que a chuva (ultimamente, também escassa) já toca o chão evaporando. e ainda há quem negue o aquecimento global: se não é má-fé, só pode ser um delírio febril, uma alucinação causada por excesso de sol na cabeça.
as temperaturas abrasivas provocam um torpor permanente, cobrem a pele de um suor constante e fazem um pensamento único rondar a mente: praia. nem em ambientes climatizados dá para ser feliz, porque a roupa empapada colada no corpo e os dedos metidos em sapatos ou tênis incomodam. quem pode passa a semana sonhando com o sábado e domingo diante do mar (melhor ainda se tiver mate e biscoito de polvilho).
será que ele vem?
tenho frequentado mais a praia recentemente, mas me recinto do abandono do inverno carioca. estou carente daqueles dias em que o termômetro ronda civilizados vinte e cinco graus e a gente brinca de sentir frio (usamos até gorro e meias!). faz falta ver metade da população contrariar a máxima de que as pessoas são mais elegantes sob temperaturas amenas, combinando calça xadrez com blusa de estampa animal e casaco de listras.
o inverno favorece a preguiça e as finanças pessoais (exceto pela conta de gás, que explode por causa do banho quente): ficar debaixo das cobertas assistindo televisão ou recostar para ler um livro é bem mais barato do que qualquer passeio de verão. uma xícara de chá ou café (se não for gourmet) e um bolinho de vó bastam para suprir as necessidades de um metabolismo também mais lento.
os meteorologistas dizem, mas não garantem, que o inverno deste ano vai ter frentes frias de maior intensidade por causa da la niña, com dias mais frios e secos. por outro lado, os especialistas apontam que as temperaturas devem continuar acima da média no brasil e aventam a possibilidade de que 2024 bata o recorde de ano mais quente da história. ou seja, continuaremos fritos.
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enquanto eu não volto...
você pode aproveitar para curtir estas dicas:
🎭 deixa que eu conto, peça de flávia reis e ricardo cubba
🎧 night clube forró latino (volume 1), álbum de marcelo jeneci
por hoje é só. até mais!
aqui por minas começou a refrescar. dizem que sábado pode ser o dia mais frio do ano (vejamos) e ainda não sei o que vem depois. faz mais de ano que comprei um tricot pra usar quando esfriasse e o casaco ainda não viu a cara da rua.
Aqui tá o contrário: eu implorando pelo calor chegar de vez depois de encher o saco de tanto frio. Mas como carioca, te entendo muito! A chegada do friozinho era a minha época preferida do ano!