#1 - o início
sobre resoluções de ano novo, últimas ou primeiras vezes e as regras da newsletter
das resoluções
se você está lendo esta newsletter, é sinal de que 2024 não começou como eu queria e uma das resoluções que fiz deu errado: não ganhei na mega da virada (ou você acha que eu estaria escrevendo isto aqui com milhões na conta?). se você está aqui, provavelmente também não ganhou (e aí eu lamento, de verdade). eu só espero, com sincero egoísmo, que o pessoal da firma não tenha acertado os números sorteados; do contrário, sobraremos eu, jéssica e nossa máxima culpa por termos sido grandes mãos-de-vaca os únicos avarentos que se recusaram a contribuir com a onça do bolão. tínhamos destino melhor para nossos cinquenta reais (o que provavelmente envolve comida). mas também, como eu poderia ganhar se não fiz um jogo sequer? você não perguntou, mas eu respondo. mantenho a inabalável fé ateia de que, se for a minha hora, encontro o bilhete premiado no chão. basta crer, não?
menti no parágrafo anterior e sinto que devo ser honesto agora (eu já sei que o pessoal da firma não ganhou, mas não é sobre isso): não fiz nenhuma resolução para este ano, como também não fiz em 2023, nem em 2022 ou 2021. nada contra quem faz (tenho até amigos que fazem, sabe?), mas uma lista de metas me deixa mais angustiado em tentar cumpri-las ao longo do ano do que satisfeito em vê-las cumpridas no próximo mês de dezembro (isso sem mencionar o risco de não atingir objetivo algum e acabar chorando as pitangas no colo de papai noel ou afogando as mágoas num copo de cerveja e buscando nele uma solução que referência de velho, meu deus!). tenho desejos genéricos, como ler mais livros, ir com mais frequência ao cinema ou conhecer novos lugares e restaurantes. sou particularmente bom em planejar férias (e amo dar dicas, pode pedir), mas - para todo o restante - sigo a máxima zeca pagodiniana de deixar a vida me levar. você estabelece metas e consegue cumpri-las? e quais são as suas resoluções?
a última ou a primeira vez
se não dou bola para resoluções, tem uma tradição de fim/início de ano de que acho graça. tradição não é bem a palavra, mas - na falta de outra melhor - vamos ficar com essa. falo da tradição de marcar a última ou a primeira vez em que se realiza determinada coisa (mais uma palavra propositalmente genérica, percebeu?). faço muito, mais a título de brincadeira do que à vera. explico. é chegar o dia 31 de dezembro para começar a lista de despedidas irrelevantes: o último café da manhã do ano, o último passeio de bicicleta, a última leitura dos jornais, o último banho de piscina, o último almoço, o último cochilo na rede, o último banho de piscina (sim, de novo, porque me esqueci de que haveria um segundo round à tarde), o último lanche, o último banho, a última troca de roupa (amarelo para ser rico ou vermelho para ser amado?), a última rodada de dominó, o último story no instagram (que pode ser o penúltimo ou o antepenúltimo, vai saber…), a última ceia (não é sobre você, halle berry), o último brinde…
e aí chega o dia 1º de janeiro com seu corolário de estreias: o primeiro brinde, o primeiro post nas redes sociais (este, sim, com garantia de ser sempre o primeiro), a primeira rodada de dominó (talvez seja uma partida de uno), o primeiro banho, a primeira troca de roupa (um pijama confortável, que delícia!), a primeira noite de sono (tem gente que prefere passar em claro? heresia!), o primeiro amanhecer, o primeiro café da manhã…
tudo absolutamente desimportante. nestas horas, sempre me lembro de uma antiga professora de psicanálise que tive na faculdade. madalena sapucaia explicava aos alunos a importância simbólica dos ritos sociais como organizadores das identidades dos sujeitos (papo cabeça para uma newsletter de estreia, mas vamos lá) e tentava convencê-los a fazer festa de formatura. eu não precisava ser convencido de nada, até porque já estava pagando as parcelas quando tive esta aula. compartilhava da ideia de que rituais são marcadores significativos para eventos do porte da conclusão de uma graduação. e uma festa de formatura sacramenta um momento bem mais nobre do que, por exemplo, o último ou primeiro número dois do ano. desculpa, madalena!
como será o amanhã
na newsletter anterior, que considerei a de número zero, deixei em aberto algumas questões. pretendo respondê-las agora.
sobre o que serão os textos? sobre o que eu quiser, a newsletter é minha e aqui mando eu. pergunta difícil e de resposta genérica: sobre tudo, sobre nada e vice-versa. sem assunto proibido, creio que falarei de temas que me chamam a atenção, pessoas que me inspiram e assuntos de que gosto (cinema, literatura, música, podcast, teatro, jornalismo, gastronomia…). pode ser que seja tudo isso junto e misturado. ou nada disso.
e quando sai a newsletter? pensei muito em qual seria o melhor dia da semana e não encontrei resposta mais convincente do que sexta-feira (se é assim na vida, por que não seria aqui?). na cara do gol do fim de semana, aquele climão maneiro do expediente que vai se encerrando (por que choras, plantonista?). então, se tudo sair conforme o planejado, toda sexta-feira pela manhã, você vai ter um texto novinho chegando no seu e-mail. uma companhia para o seu café, dona helena.
os assinantes vão ganhar o quê? o meu mais sincero obrigado. não, não é deboche! refleti bastante sobre textos exclusivos, brindes legais (todo pobre, como eu, adora brinde), sorteios de livros, mas nada me demoveu da ideia de manter todo o conteúdo gratuito. escrevo para ser lido e, se não tenho nenhum custo financeiro para manter este espaço, não vejo - por enquanto - sentido em limitar o conteúdo para assinantes. se você gosta do que eu escrevo e quer contribuir, fique à vontade (não fiz voto de pobreza e tenho vários boletos para pagar): as assinaturas mensal, anual e entusiasta estão disponíveis. gratidão, viu? e só!
por último, mas não menos importante: por que o nome desta newsletter é tudo bom e nada presta? fácil e simples: é assim que minha avó materna responde a todo mundo que lhe pergunta se está tudo bem. desconheço resposta que seja ao mesmo tempo tão espirituosa e debochada (eu todinho). e me pareceu um título enigmaticamente perfeito para uma newsletter despretensiosa sobre qualquer assunto. valeu, berninha!
se você gostou desta newsletter, que tal dizer isso ao mundo?
enquanto eu não volto…
você pode aproveitar para curtir estas dicas:
caminhos, da newsletter de taís bravo: “acho que outra parte interessante de ganhar idade é entender que até as coisas boas não são boas o tempo todo. viver dá trabalho. absolutamente tudo que você gosta o suficiente para cuidar exige manutenção”.
como ser escritor no brasil?, do podcast rádio escafandro. o criador do projeto - tomás chiaverini - republicou o primeiro episódio de todos, que continua bastante atual.
as redes sociais estão menos sociais?, do podcast café da manhã, da folha de s. paulo. discussão interessante nestes tempos em que os algoritmos tentam prever o que a gente vai gostar e mostram menos os nossos amigos.
duas mães e uma filha, livro em que maíra donnici conta a experiência dela e de inês como mães. escrevi sobre ele no meu instagram. a segunda reimpressão sai agora em janeiro e você pode garantir o seu.
tem outra dica legal? só mandar!
por hoje é só. até mais!
Esse app de imagem artificial não conhecia. Vou testar! Gostei das ironias também! haha
Sou completamente viciada em listas, pedro! faço uma por ano, uma por mês, uma a cada semana e ainda uma por dia hahahaha e se faço qualquer tarefa fora da lista, coloco na lista só pelo prazer de riscar hahaha parabéns pela newsletter! beijos <3